quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Livro sobre futuro do CD e da música foi lançado em formato PDF


Com participação de vários profissionais renomados da música, o livro "O Futuro da Música Depois da Morte do CD" é leitura importante para quem é músico ou trabalha com música de alguma forma. E você pode baixá-lo gratuitamente na internet, pois o livro foi lançado em formato PDF e disponibilizado na grande rede.

Os organizadores Irineu Franco Perpetuo e Sergio Amadeu da Silveira reuniram nomes como Pena Schmidt, Ricardo Bernardo, Andre Mehmari, Chico Pinheiro, entre vários outros. Os assuntos tratados no livro giram em torno de música digital, cibercultura e novas tecnologias.

Se interessou? Pois não perca tempo, vá ao site www.futurodamusica.com.br e faça o download do PDF do livro.

O Bumba Records separou um trecho do artigo de Pena Schmidt que pode ser conferido logo abaixo.

E agora, o que eu façodo meu disco?
Pena Schmidt

Olhando a mesa atulhada de CDs e até LPs que me mandam, fico pensando na pergunta que sempre me fazem: “E agora, o que eu faço do meu disco?”. Os tempos estão complicados, ninguém sabe por onde ir, mas a pergunta é antiga. 

Desde meados dos anos 1990, quando a “informática” democratizou os meios de produção, os artistas já se viam com esse dilema. Programas de subsídios à cultura, ferramental barato – estúdios e instrumentos –, o espaço minguando nas multinacionais do disco. Vários fatores dispararam um processo em que o músico e artista no papel de produtor fonográfico chegava sozinho até o disco e o momento de aflição acontecia. Abriamse as portas do armário cheio com um milhar de CDs recémchegados da fábrica e se fazia esta pergunta fatal: o que eu faço do meu disco? 

Um ramalhete de canções, um maço de músicas, uma dúzia de opus arrumados em embalagem para viagem. Um formato que durou cinco décadas cheias de emoções e parecia a forma natural de ser. O tamanho certo e orgânico, suficiente para uma etapa na rodovia ou para um romance. Perfeito para a audição saborosa. Toda uma cadeia produtiva se formou e criou limo em volta desse costume tribal global de lançar suas músicas uma vez por ano num disco com 12 faixas. 

Mas, subitamente, a música se livrou do suporte material, di gi ta lizouse de uma vez, transcendeu o meio e se transfor mou na própria mensagem. Os bits imateriais percorrendo os nervos de co bre espalhados pela superfície do planeta explodiram uma superno va com todas as músicas ao mesmo tempo em todos os lugares. Inexoravelmente vazios de conteúdo, os canais de circulação dos discos de música vão secando: lojas fechando todo dia, rádios só de noticias, o axé venceu pelo beijo na boca. Começa uma nova era – O CD Morreu! Perplexos, músicos e artistas continuam com aquela mesma pergunta. E agora?! O que eu faço com meu disco? 

Talvez o conceito não esteja tão fadado a morrer quanto dizem. Talvez tenha de se metamorfosear, como as borboletas e os sapos ao saírem de sua fase primitiva. Talvez o CD seja mesmo apenas um parágrafo na história da arte, como as gavotas e o chácháchá. 

Depois do mundo caótico, do caos, confuso, sem nexo nem ordem apa rente, virá um mundo quântico, no qual todas as hipóteses são possíveis e os paradoxos convivem uns com os outros. Prepare seu coração porque pode ser assim quando houver banda larga em todos os lares. 

Imagine um mundo em que o CD morreu, mas sobrevive. Morreu à míngua. As últimas lojas – as de colecionadores – fecham as portas, não há mais espaço de CD nos supermercados nem nos magazines. Ainda sobrevivem as lojas que vendem CDs pela internet. Uma conferida na Amazon mostra que ainda existe 1 milhão de títulos no catálogo físico em 2008. A partir de, digamos, 500 mil títulos, é apenas um nome no catálogo e, se você quiser comprar, é preciso dar um tempo para se localizar o produto, ou pelo menos haverá uma tentativa de localizar. Já no Submarino, CDs ainda são uma seção importante, na página prin cipal, e o destaque reflete o CD como um presente: as românticas cai xas de românticos artistas, o padre campeão de vendas, Madonna e Rolling Stones. Uma busca rápida mostra que o fundo do catálogo do Submarino é mais superficial do que no catálogo da Amazon. Parece que só está à venda o que existe fisicamente num estoque de gravadora, e isso, como veremos, tende a diminuir. 

Vamos dividir o mundo em dois. De um lado, numa pilha, todos os CDs legítimos, que tenham metadata, um CNPJ e um endereço para contato. Do outro lado, outra pilha com todos os CDs restantes, que não preencham os três requisitos.

Por partes: metadata – dados além da música – é aquela informação que estava na capa do disco, na embalagem do CD, e que se abre quando você clica num CD numa loja da internet. Metadata contém a arte da capa, a ordem das faixas, seu tempo e nome, autores, o selo, a data de lançamento, enfim, todas as informações que havia na capa do disco e que agora fazem parte de um arquivo que anda junto com as faixas do CD na venda de download. Metadata completo significa a preocupação de alguém em ter os contratos e autorizações com todos os envolvidos – autores, editoras, licenciantes. Todos devidamente iden ti fi cados como nas fichas técnicas dos CDs e LPs. 

Metadata completa e com CNPJ já é um pouco mais dificil, pois denota que havia uma empresa associada ao produto, e que essa empre sa fornece o CD que pode ser vendido numa loja eletrônica. Sem CNPJ ou sem nota fiscal, é uma venda informal, e as lojas sérias não ven dem CDs sem nota. Por fim, é preciso que haja alguém num en dereço comercial para atender aos pedidos das lojas, dos discos ven didos pela internet, já que ninguém mais quer ter estoque. Assim, chegamos à situação atual, em que só discos distribuídos formalmente estão à venda nas lojas formais que, por sua vez, são cada vez menos pontos de venda de música, mesmo na internet – o que estrangula cada vez mais a cadeia produtiva. Nesse trecho do circuito, só vende o que vende, o que é comercial e tem demanda...."
Para ler o artigo completo e muitos outros clique aqui e faça o download do livro.

E ainda na seara da literatura, quem quiser se aprofundar mais sobre novas tecnologias, dinâmica de marketing e vendas de música, fica a sugestão do Bumba para ler o livro "A Cauda Longa" de Chris Anderson (editora: Campus). Um best seller internacional. Leitura obrigatória para quem trabalha no mercado da música.

2 comentários:

Pena Schmidt disse...

oi gente
parabens pelo blog e vamos em frente

obrigado pelo post e espero contribuir nas discussões

abraços

@penas

Anônimo disse...

Obrigado Pena!

E esperamos ter a oportunidade de traze-lo a Teresina para algum evento no futuro.

Abraços

Márcio Menezes